Alojamento no Parque
— Sua arma está carregada? — perguntou Rylan.
Lena encarava o objeto com dúvida.
— Não sei, fiz alguns disparos com ela.
— Posso ver?
— Claro — disse Lena.
Assim que pegou a arma, mostrou para ela como retirar o pente. A munição estava pela metade.
— Precisa recarregá-la. Se você não é acostumada com isso, posso ensinar a manuseá-la melhor.
— Obrigada. Sempre achei que nunca precisaria de uma dessas, mas agora tudo mudou e agradeço ter encontrado um estoque no primeiro mercado que entrei.
Lena percebeu que a moto estava virada para o lado oposto do parque.
— Para onde vamos? — questionou, após montar na garupa.
— Ao parque, mas primeiro vamos abastecer a moto.
Durante o caminho, ela se perguntava se havia outro armazém com combustível, mas preferiu não questionar. Pela rodovia, carros abandonados ou acidentados.
Entrando pela cidade, Rylan parou em um posto e desligou a moto.
— O que está fazendo?
— Abastecendo.
— Não é perigoso?
— Claro, por isso viemos armados.
Insegura, Lena olhava para todos os lados.
— Não sabia que ainda existem postos com combustível, achava que eles já haviam se esgotado.
— Alguns reabasteceram. Essa linha de produção é feita por robôs que não foram afetados, sendo assim, eles renovam o estoque a cada quinze dias.
Pelo olhar desconfiado, a resposta levantou mais dúvidas do que explicações.
— Próxima parada, parque — disse Rylan terminando o abastecimento.
Por fim, tudo correu bem. Sem novos desvios, eles foram para o abrigo, Lena ainda se pegava com lágrimas nos olhos de tempos em tempos. Na entrada, alguns androides quebrados com sinais de balas. Pela proximidade das marcas com a cabeça, Rylan sabia que não eram tiros dela.
Antes da catástrofe, o parque tinha a prioridade de ser o mais fiel possível à vida selvagem do campo. O percurso que a moto podia andar era muito estreito, isso cobrava muita habilidade na direção. Até chegarem a um possível acampamento com barricadas de proteção improvisadas. Ao estacionar na entrada, um homem armado com fuzil veio ao encontro deles.
— Lena! — disse o homem, abraçando-a assim que desceu da moto.
Quando o abraço se desfez, ela retirou a mochila e mostrou os medicamentos.
— Onde estão os outros?
Lena começou a chorar com a cabeça baixa.
— Não esperem por eles — Rylan foi direto, sem rodeios.
O homem engoliu em seco ao entender o recado. Com a mochila em mãos, ele entrou no acampamento.
Lena andava devagar na mesma direção do homem, Rylan a seguiu. Ao entrar no acampamento, ele notou o improviso em cada canto. Barracas rasgadas, barricadas feitas com restos de metal e pneus velhos.
Pessoas de olhar cansado os observavam com expectativa, uma criança aproximou-se dela.
— Obrigada por trazer minhas injeções.
— De nada, faria qualquer coisa por você — respondeu Lena.
— Promete que não vai me deixar?
Lena engoliu o choro.
— Prometo. Sempre voltarei para você — disse tentando acreditar nas próprias palavras.
— Ela tem o seu olhar, são parentes? — perguntou Rylan.
— Minha sobrinha, ela é a minha vida agora. Valentina, quero te apresentar Rylan, ele me ajudou a encontrar suas seringas.
— Obrigada, Rylan — agradeceu, a menina de doze anos com o rosto vermelho.
— Acho que alguém está com vergonha — brincou Lena.
Valentina a abraçou com força, escondendo o rosto no peito da tia.
Aquela interação ajudava a esquecer a tragédia de horas atrás, embora seria outro baque quando Valentina perguntasse dos companheiros.
— Desculpe atrapalhar, faça uma lista com os medicamentos que precisam — disse Rylan.
— Tem mais do que a caixa que me mostrou?
— Não, mas podemos ir ao hospital amanhã de manhã.
Ao ouvir que Lena sairia outra vez, Valentina a segurou com força.
— Eu vou, mas eu volto. Não precisa se preocupar, Rylan sabe tudo sobre como andar pela cidade com segurança.
Depois de um abraço forte e troca de promessas, Lena levou Rylan até um barracão. Ao entrarem, os olhos dela pousaram em uma mulher de jaleco gasto, os cabelos presos de forma apressada, mas com uma expressão de determinação que destoava da exaustão ao redor.
— Dr.ᵃ Parker, quero te apresentar Rylan, ele me ajudou com os medicamentos.
— Obrigada, lamento pelo ocorrido.
Rylan se aproximou da doutora e começaram a conversar a respeito dos medicamentos necessários, logo uma lista começou a ser preenchida. Lena estava preocupada em como Valentina receberia a notícia sobre a expedição. O homem com fuzil se abaixou próximo à menina e falou algo que a fez chorar. Lágrimas também escorreram pelo rosto de Lena.
— Vamos? A sopa deve estar pronta e Morgan odeia me esperar.
— Vamos, mas sairemos pelos fundos. Acredito que Valentina não me deixará ir após receber a notícia da expedição — disse Lena amargurada.
Sumário
Androide zumbi
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