Porto Seguro
Assim que entrou no galpão, Lena encontrou dezenas de máquinas desmontadas pelo chão, algumas conectadas por cabos que pareciam improvisados. Na parede, alguns monitores com dezenas de informações, um curioso mapa de papel das ruas da cidade, cheio de anotações feitas à caneta.
Com a atenção dispersa, ela não sabia para onde olhar. Procurava o que seria mais interessante naquela confusão.
— Gosta de pimenta? — perguntou Rylan.
Lena fechou os olhos por um segundo e respirou fundo, tentando absorver tudo.
— Pimenta?
— Sim, a sopa de batata…
— Ah, sim, claro. Não muito forte, por favor.
Observando o mapa, o que mais chamava a atenção eram as colorações. Apresentava regiões riscadas em azul e vermelho. Percebendo o olhar curioso de Lena, Rylan se aproximou para explicar.
— As marcações em azul são as linhas que ainda funcionam, as vermelhas são as que os androides enlouqueceram.
Uma pausa enquanto seus olhos percorriam o papel.
— Me ajude a preencher o mapa, onde fica seu abrigo? — perguntou Rylan entregando uma caneta azul para ela.
— Aqui, no meio do parque — disse Lena riscando o local.
Após adicionar a anotação, seus olhos se encheram de lágrimas.
— Quando eu era pequena, achava que um parque sem conexão era um retrocesso. Hoje é o único lugar a que posso ir.
— Eu te entendo, sempre sonhei com a prosperidade sem nunca me perguntar o preço.
— Como você sabe de tudo isso? De onde vieram essas informações? Quem é você? De onde veio Morgan?
— Uma pergunta por vez. Se eu te contar tudo agora, o jantar vai ficar entediante — respondeu Rylan com um sorriso enigmático.
Lena comprimiu os lábios e respirou fundo. Ela precisava se acalmar para organizar as informações em sua cabeça.
— Por favor, me acompanhe. Os medicamentos ficam na sala ao lado — disse Rylan, percebendo a inquietação de Lena enquanto ela ainda tentava processar tudo ao seu redor.
Ainda atordoada com todos os acontecimentos, acompanhou o anfitrião. Uma sala organizada, algumas estantes e armários com gavetas. Do interior de uma delas, ele retirou uma caixa de trinta litros, abriu a tampa para que ela pudesse ver dentro.
— Escolha os medicamentos de que precisa, acho que tenho de tudo nessa caixa — disse Rylan.
Por um momento, Lena sentiu vontade de pegar a caixa inteira, mas se conteve e escolheu apenas os essenciais.
— Você tem insulina?
— Na geladeira, vou buscá-las.
Quando ele voltou, trouxe uma vasilha com várias seringas.
— Você é diabético?
— Não, mas um antigo parceiro era.
Ela pegou a maioria das seringas, mas deixou algumas para não parecer abusada.
— Podemos ir? — perguntou Lena após guardá-las em sua mochila.
— Claro.
Rylan fechou a caixa de medicamentos.
Sumário
Androide zumbi
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