Lena já estava quase terminando de revirar toda a caixa de máquinas contaminadas. Assim como Rylan, ela desenvolveu uma predileção pelas que pareciam caixas de sapato. O manuseio era mais fácil e elas eram menos perigosas quando estavam sem os braços.

— Posso contaminar uma das máquinas? — perguntou Lena.

— Claro, não se esqueça de remover o braço. Aqui está seu café.

Após posicionar uma caixa contaminada ao lado de uma sem contaminação, Lena ligou ambas, no monitor apenas uma permaneceu infectada. As duas foram desligadas, um braço foi adicionado à máquina afetada.

— Tome cuidado — disse Rylan.

Lena terminou o café antes de começar o teste.

Quando ligada, a máquina contaminada tentava alcançar a pesquisadora. No momento em que a outra caixa foi ligada, o braço se estendeu até tocar nela. Nesse momento, a atenção voltou-se para o monitor. Ambas se tornaram infectadas.

— Não faz o menor sentido, porque elas precisam do toque, se é possível criar outras formas de contato — disse Lena intrigada.

— Tem alguma hipótese quanto a isso?

Ela olhava para os papéis, parecia mais confusa a cada dado que analisava. Desligou as duas caixas e respirou fundo.

— Mais café.

— Já fomos longe demais, já está de madrugada — respondeu Rylan.

Um fechar de olhos prolongado na tentativa de se acalmar.

— Aquele androide feminino no hospital, não me recordo o número. Acha que estava infectado?

— Sim, o androide do mercado também. Em geral, todos os androides das áreas vermelhas estão, mas nem todos são agressivos.

— Por que não nos atacaram?

— Eu não tenho todas as respostas.

Mais uma pausa e uma respirada funda, Lena voltou para a sala e começou a recolher tudo que estava infectado. Sem demora, Rylan a ajudava a guardar. Quando terminaram, ele voltou-se para a caixa sem contaminação, mas Lena andou para o outro cômodo.

— O que está fazendo?

— Tirando uma dúvida — disse Lena.

Ela arrastou Morgan para a sala, colocou no monitor os dados dele. Na tela apareceu a indicação de infecção.

Morgan iniciou de forma automática. Rylan parecia despreocupado, mas Lena olhava para ele em choque.

— Bom dia, fui deslocado, aconteceu alguma coisa? Como posso ajudar?

— Está tudo bem, Morgan, volte para o estado de economia de bateria — disse Rylan.

O androide voltou para o estado de hibernação.

— Você sabia? — perguntou Lena consternada.

— Sim.

— Por que ele não nos atacou?

— Como eu disse, eu não tenho todas as respostas.

O mundo girava em sua cabeça, talvez fosse a hora de parar.

— Preciso descansar, hoje foi um dia longo — disse Lena andando na direção do quarto.

Ela entrou e trancou a porta, pensamentos controversos habitavam sua cabeça. Talvez o resto da noite de sono ajudasse a pôr os pensamentos no lugar.