Após o almoço, ele a levou para a sala de armas. Em uma mesa, colocou uma caixa cheia de balas, alguns pentes e a Glock ao lado. Rylan esperava em frente à mesa.

— Vamos começar carregando os pentes — disse ele.

Lena procurava alguma abertura para colocar a munição.

— Você não vai abrir para carregá-lo, vou mostrar como se faz.

Com uma bala entre os dedos, ele a posicionou sobre a abertura superior. De uma em uma ele preencheu o pente de projéteis.

— Agora é a sua vez — disse Rylan.

Lena segurava o pente com uma mão, enquanto a outra carregava as balas. Era nítida a evolução dela.

— Achei que nunca faria isso na vida.

— Eu também, mas a vida nos levou a caminhos tortuosos. Nossa única opção é pagar o preço e seguir em frente.

— Qual é a segunda lição? — perguntou Lena terminando o segundo pente.

— Pegue a arma, está vendo esse botão? Ela libera o pente, talvez, no momento em que for recarregar, você não consiga guardar o pente vazio. Se isso acontecer, deixe-o no chão.

Lena tirava um pente e trocava por outro, parecia uma tarefa simples.

— Qual o próximo ensinamento? — perguntou Lena.

— Agora vamos fazer isso da forma correta. Arrume a postura, eu quero que carregue o pente sem olhar para ele.

— Queria dar uns tiros.

— Depois, concentre-se na aula. Você vai remover a munição do pente, retire de uma em uma. Coloque-as em pé para não rolarem pela mesa.

Quando terminou o processo, eles se olharam enquanto Lena aguardava a próxima lição.

— Agora vai recarregar o pente sem olhar.

Enquanto preenchia o pente, ela fazia careta, era sua forma de protestar.

— Se está tentando me intimidar, saiba que precisará se esforçar mais. Até acho que fica sexy com a linguá de fora.

— Pervertido.

Ao terminar, ela esperava o próximo exercício. Rylan mexeu em algumas caixas no armário ao lado e pegou algo feito de couro.

— Seu novo coldre, um coldre axilar, não acho um nome atraente. Diferente do anterior, esse te dará mais liberdade com as mãos e permitirá que carregue munições extras.

— E como eu visto?

— Como se fosse uma mochila, abaixo do braço esquerdo fica a arma, do braço direito as munições.

Após colocá-lo, ela percebeu sua praticidade. Quando terminou de guardar os itens pelo coldre, ela olhou para Rylan.

— E quando vamos atirar?

— Uma última lição antes dos tiros. Lembre-se de levantar o braço esquerdo, nunca saque a arma com o braço abaixado.

Ela retirou a pistola com o braço levantado, parecia óbvio, mas entendeu que esse era mais um dos vários alertas de segurança.

— Agora vamos atirar?

Rylan sorriu com a empolgação dela.

— Claro, mas use esse protetor auricular.

Ele pegou um fone de ouvido e entregou outro para ela.

— Nossa aula de tiro será em um porão. O bom de morar em uma mansão é que nunca falta espaço.

Eles andaram pelo corredor da mansão, desceram por uma escada que dava em uma sala retangular. Paredes macias cobertas por uma camada de estofado.

— O que são esses veludos? — perguntou Lena intrigada.

— Acho que o nome técnico é espuma acústica, serve para abafar o som dos disparos e não perturbar as outras pessoas.

— Funciona?

— Dentro do possível, sim. Eu não sei se tem algum erro de instalação, mas os sons podem ser ouvidos do lado de fora. Acredito que ficaria pior sem ela.

Rylan posicionou alvos para que Lena treinasse.

— Você vai ficar ali, são cinco metros até o alvo. Acho que é uma distância boa — disse Rylan.

Após colocar o protetor, Lena sacou a arma da forma correta, sentia como se fosse uma protagonista de um filme de ação. Começou a rir antes do primeiro disparo.

— O que foi? — perguntou Rylan.

— Esse coldre, me sinto um detetive daqueles filmes genéricos.

Rylan sorriu.

— Se for genérico, que seja um filme de zumbi.

Respirou, focou, apontou a arma e descarregou a munição. Soltou o pente no chão, pegou outro no porta-carregador e estava pronta para novos disparos.

Apesar do protetor, Lena ouviu aplausos. Ver Rylan batendo palmas foi tão inesperado que retirou o fone e guardou a pistola.

— Devemos comemorar seu progresso — disse Rylan sorrindo.