Célio Zangalli Neto

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Androide zumbi capítulo 28

Alguém Lembra o Nome da História?

No dia seguinte, o zumbido melhorou. Ao acordar, Lena se dirigiu até a cozinha. Com uma tigela cheia de cereal, sentou-se para comer no sofá. Quando Rylan desceu pela escada, olhou para ela.

— Seu ouvido está melhor?

— Sim, mas ainda escuto o zumbido alto.

Ele se aproximou e sentou ao seu lado. A intenção dele não era interagir com Lena, era procurar por pistas no computador do centro de comunicação. Ele percebeu que o simples fato de ligar o aparelho já a perturbava.

Lena se afastou, lutava contra as lembranças indesejadas. O cereal estava quase no fim quando ele chamou sua atenção.

— Estou olhando as mensagens, uma constante entre elas é que tentavam se conectar com outros sobreviventes. O único sinal que receberam veio do sul — disse Rylan.

Com pesar, Lena decidiu encarar seus temores.

— Existem sobreviventes no sul? — perguntou ela.

— Tudo me leva a crer que sim, o problema é que não sabemos quão ao sul.

— Você nunca foi para o sul da cidade?

Após comprimir os lábios, ele se levantou.

— Venha comigo.

Depois de repousar a tigela na mesa de centro, Lena levantou e o seguiu até a sala de armas. No mapa, a parte sul da cidade estava sem anotações.

— Lembra que eu te contei o que aconteceu na delegacia do distrito sul? Ela fica aqui — disse Rylan apontando para um local na região sul da cidade.

— Você nunca voltou lá?

— Não, tenho a impressão de que as máquinas ficaram mais letais nessa área. Vamos lá procurar por sobreviventes?

— Desculpe, não sei se estou em condições de fazer alguma coisa.

Ele pegou a mão dela com delicadeza e apertou contra o próprio peito.

— Eu estaria morto se você não tivesse me salvado ontem.

Com pesar, Lena fechou os olhos ao lembrar de Larry. Sentia o coração de Rylan bater, o medo era tão conflitante dentro de sua cabeça que acreditava ter chegado no limiar de sua sanidade.

— Eu matei uma pessoa. Nunca vou me conformar com isso.

— Não tire a minha parcela da responsabilidade.

Dez segundos de silêncio, ambos revisitaram as lembranças do dia anterior.

— Vou vasculhar a região sul da cidade. Sua ajuda é bem-vinda, mas entendo sua dor.

Lena tirou a mão do peito dele, se virou de costas e andou até o armário.

— O que está fazendo? — perguntou Rylan.

— Pegando meu coldre e carregando outros pentes.

— Achei que não iria comigo.

— Eu também, acredito que não fará diferença entre morrer aqui sozinha ou ao seu lado.

— Por que acha que vamos morrer?

Lena parou de carregar os pentes de munição e olhou para ele.

— Estou há dois dias escutando um zumbido horrível, sem falar na dor. Quase morremos quando saímos da mansão, por que eu me preocupo tanto com a minha vida? Todos que amei estão mortos.

Rylan a abraçou com firmeza.

— Desculpe, gostaria que fosse diferente.

— Tudo bem, me espera na moto — disse Lena.

Ela terminou de preparar todos os apetrechos e se juntou a ele.

Após fechar o portão, deram partida e foram para a região sul da cidade. A primeira observação de Lena ao chegarem lá, foi concordar com a fala de Rylan. À medida que desbravavam, marcas severas de crueldade apareciam. Desmembramentos eram comuns entre os cadáveres.

A moto estacionou, ele tirou uma cópia do mapa feita de rabisco de um bolso.

— O que está fazendo? — perguntou Lena.

— Anotei nesse papel os possíveis locais, onde acredito que tenha sobreviventes, não quero desperdiçar tempo por aqui. Vamos mais ao sul, tem alguns estádios lá.

A ausência de androides pelo caminho permitiu que a moto desacelerasse. Por mais estranho que fosse, ele parecia decepcionado.

— Eu avisei! Se existe alguém preparado para sobreviver a esse apocalipse, esse alguém é o Rylan! — gritou um homem escondido na entrada do estádio.

Lena sentiu o corpo dele endurecer, era como se ele tivesse ouvido um fantasma.

— Não acredito! É ele mesmo, e veja só, está com uma gata! — gritou outro cara que também estava escondido.

Após frear de forma abrupta, baixou o pé da moto e a desligou.

— Olá, pessoal. Como é bom saber que vocês sobreviveram. Estão todos bem? — disse Rylan, parecendo um robô.

Lena desceu da moto e reparou no comportamento estranho. Os olhos vidrados e bem abertos quase não piscavam. Depois do choque, ela se voltou para os sobreviventes que se aproximavam.

— Prazer, me chamo Stella Bennett e ela é Mia Anderson, qual o seu nome? — disse Stella.

— Prazer, me chamo Elena Ramirez e ele se chama… — dizia até ser interrompida.

— Rylan Kane, nós o conhecemos, fomos colegas de escola — disse Mia.

Quatro rapazes o cercaram ainda na moto, eles riam muito e trocavam contatos físicos como velhos amigos.

— Quem são eles? — perguntou Lena.

— O rapaz maior apoiado no ombro de Rylan se chama Aiden, o cara impressionado com a moto se chama Lucas. Os outros dois são Jackson e Ethan. Não sei se vocês estavam indo para algum lugar, mas eles não vão deixar seu motorista sair tão cedo.

Lena o observava e interpretou a situação como apavorante para ele.

— Bom dia, rapazes. Gostaria de conhecê-los melhor, mas temos assuntos urgentes para resolver em casa — disse Lena.

— Bom dia — disse Aiden, olhando-a da cabeça aos pés. — Quem é a princesa? Ela me lembra daquela personagem que o herói ficava no final da brincadeira, alguém lembra o nome da história?

— Eu chamava de zumbis do Rylan — disse Ethan.

— Bom, já estamos em um apocalipse, beije-a e termine essa história. Lembrando que, caso não consiga, eu posso te substituir — zombou Jackson.

Eles riam, era nítido que Rylan fingia o riso.

— Agora, falando sério, você não acha que deveria apresentá-la para um homem íntegro? Por coincidência, eu estou à disposição — disse Ethan.

Ele continuava fingindo o riso, olhos abertos de forma estranha com poucas piscadas.

— Não, pessoal, eu tenho que voltar para casa — disse ele.

— Elena, não dê ouvidos para eles, são só quatro idiotas — interviu Mia.

— Elena é um nome lindo, acho digno de sua beleza — disse Ethan aproximando-se dela.

— Se toca, mané, ela já está acompanhada — esbravejou Mia.

Rylan saiu dos braços de Aiden, virou a moto e deu partida.

— Foi bom vê-los outra vez. Fico feliz que estejam vivos. Preciso ir embora. — disse com olhar estranho.

Percebendo que ele não estava em seus melhores momentos, Lena correu e subiu na garupa. Rylan só lembrou de sua presença quando a sentiu montar na garupa.

— Achei que a deixaria para nós — zombou Jackson.

Havia algo estranho nele. Não disse nada, nem olhou para trás. Como se estivesse fugindo de fantasmas.

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