Célio Zangalli Neto

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Androide zumbi capítulo 10

Pela Cidade

Valentina dormia igual um anjo, mas ao levantar, Lena acordou a menina.

— Bom dia, melhor se apressar ou vai chegar atrasada na aula.

As mãos da menina esfregavam o rosto ainda inchado de sono, ela se arrumou o mais rápido que pôde.

Após Valentina ir para a aula, Lena andava pelo alojamento. Hector estava ao lado de três pessoas manuseando armamento, ela aproximou-se deles.

— Bom dia, preparativos para a expedição?

— Sim, estamos aguardando Rylan. Vem com a gente? — disse Hector.

— Claro.

O som da moto era o aviso da aproximação dele.

— Algum motivo especial para ter seis participantes nessa expedição? — perguntou Lena.

— Nada de especial. De acordo com Rylan, teremos mais pessoas para carregar as provisões.

Quando chegou, desligou a moto próximo ao grupo.

— Aqui está o mapa e uma coisa que você esqueceu — disse Rylan entregando o papel para Hector e o coldre para Lena.

— Obrigado por trazer. Ontem achei que voltaria para lá, não me importei em trazer a arma.

Hector olhava o mapa com atenção, estava cheio de anotações. Era como o santo gral para eles, Lena admirou a riqueza de detalhes da imagem.

— Não conhecia seu lado artístico, você desenha bem — disse ela.

Rylan olhou-a com cara de paisagem.

— Direi a Morgan que você gosta da arte dele.

Só Lena riu, Hector não compreendeu, mas estava muito concentrado nas informações do papel para entender piadas entre eles.

— Vamos a esse mercado próximo à rodovia, ele fica ao lado de uma fazenda. Acredito que teremos muitas recompensas para saquear aqui — disse Rylan.

Hector contemplava as anotações, aquele mapa abriu um leque de possibilidades para eles.

— Você disse que teremos recompensas, isso chamou a minha atenção. Estamos aqui conferindo as armas e nos preparando para “saquear as recompensas”, me sinto um criminoso fora da lei — disse Hector.

— O que você fazia antes da catástrofe? — perguntou Rylan.

— Dei aula de direito, meu passatempo era tiro ao alvo.

— Então pense que vamos pegar nosso espólio, talvez isso te acalme.

Um dos rapazes que estava com Hector foi para a garagem e voltou dirigindo uma caminhonete. Alguns tambores vazios na carroceria, a ideia é enchê-los se possível.

Rylan mostrava no mapa os lugares por onde eles passariam e parariam. O mercado estava pintado de vermelho, mas ele achava serem apenas alguns androides contaminados.

O ex-professor de direito subiu na caminhonete acompanhado pelos outros. Rylan e Lena seguiram de moto.

A primeira parada foi no posto de gasolina. Enquanto um deles abastecia o veículo, todos os outros ficavam atentos com as armas em punho. Só pelo fato de encherem o tanque do veículo, já seria motivo para comemorar, mas o objetivo era maior.

De lá foram direto para o mercado, pararam uma quadra de distância para não chamar atenção.

— Hector, precisamos combinar o procedimento. Ficamos eu, você e Lena com as armas prontos para reagirmos, enquanto os três pegam as compras. Não usaremos carrinhos para evitar barulho, estamos entendidos? — perguntou Rylan.

— E o que devemos fazer caso algum androide se aproxime?

— Aguardamos sem nos movermos, tentando não fazer barulho. Um androide ou uma máquina qualquer sem contaminação pode requisitar o auxílio de outro. Como não sabemos discernir quais estão infectados, vamos monitorar a reação e, se for o caso, abrimos fogo.

Todos confirmaram, os três rapazes guardaram suas armas nos coldres e seguravam suas respectivas mochilas. Andaram pela última rua antes da rodovia. Poucas construções ao lado direito, um dos maiores mercados da região à esquerda.

Nenhum sinal de androide, mas o chão limpo revelava que algo ou alguém fazia a manutenção e limpeza do estabelecimento. Com pesar, os três recolhiam os alimentos em estantes que pareciam nunca terem sido tocadas.

Durante o procedimento, um deles derrubou um pote de azeitona que quebrou ao cair no chão. Ficaram em silêncio.

Paralisados, olhavam entre eles e tentavam não fazer nenhum barulho.

Os ruídos de um androide era aterrador, eles ainda não podiam vê-lo, apenas ouvir os sons típicos de engrenagem. Aquela situação era torturante, achavam que seus corações sairiam pela boca.

Ao aparecer, o androide carregava um esfregão e arrastava uma espécie de balde. Parou de frente ao homem que derrubou o pote e ficou esperando.

Hector e Rylan mantinham a arma apontada e o dedo no gatilho.

— Tire o pé — disse Rylan para o coletor que o androide encarava.

Com um frio na espinha, o homem tirou o pé da sujeira.

O androide começou a limpar, aquele não estava infectado, mas a tensão durou até que ele fosse embora.

Aliviados, os ânimos voltaram ao que era antes. Mesmo amedrontados, a coleta continuou.

Ao terminarem a procura por todos os produtos, eles saíram do mercado. Fora do estabelecimento dividiram os itens para que ninguém ficasse sobrecarregado com o peso.

— Achei que teríamos problemas quando o vidro de azeitona caiu — disse Hector.

— Eu também achei, tremia tanto que fiquei com medo de disparar a arma por acidente — disse Rylan.

— Me tira uma dúvida, por que o mercado continua funcionando como se estivesse em um cotidiano comum? — perguntou Hector.

— Eles seguem a programação. Enquanto houver energia e a parte mecânica ainda funcionar, executarão suas tarefas. É por isso que ainda existem linhas de produção operando.

Juntos, andavam e conversavam até a caminhonete. Após guardar toda a coleta, eles foram para a fazenda. Cerca de cem metros para o lado oposto do mercado, longos corredores com macieiras carregadas. Vários cestos cheios de frutas entre as árvores.

— Será que essas frutas foram recolhidas para a gente? — cochichou um dos ajudantes.

— Acredito que eles estejam recolhendo a safra, talvez faça parte do processo deixar esses cestos cheios no corredor. Não peguem deles, coletem as frutas das macieiras e vamos partir — disse Hector.

Pela ausência de qualquer androide ou equipamentos que remetesse a eles, era mais tranquilo. Ninguém, além do Hector, ficou de vigília. Eles enchiam suas bolsas com as maçãs e só pensavam em ir embora.

Um tiro acertou o braço do Hector.

Todos se jogaram ao chão e procuravam de onde veio o disparo. Arrastavam-se na direção do ex-professor. Rylan seguia na direção do tiro.

— Você está bem? — disse Lena ao se aproximar de Hector.

— Sim, vamos sair daqui.

Um dos homens pegou o rifle que Hector usava e seguiu na procura por Rylan. A única preocupação de Lena naquele momento era tirar todos dali com vida. Agachados, mantinham a atenção na retaguarda enquanto seguiam para a caminhonete.

Vários disparos aconteceram, trocas de olhares para conferir se mais alguém foi alvejado. Quando notaram que mais ninguém foi baleado, voltaram à fuga. Momentos depois, Rylan e o homem que pegou o rifle de Hector se juntaram ao grupo.

— Vocês estão bem? — perguntou Lena, preocupada com os disparos há pouco.

— Sim, não estamos feridos — disse Rylan.

— O que aconteceu? Vocês pegaram o que acertou Hector?

— Sim, era um androide de segurança que não estava contaminado. Concluiu que éramos ladrões devido à arma na mão de Hector, atirou só para desarmá-lo. Se a intenção fosse neutralizar uma ameaça, o tiro seria letal.

Ao chegarem na camionete, as maçãs coletadas antes do disparo foram colocadas na carroceria. Parecia que o ferimento de Hector não colocaria sua vida em risco, mas nenhum deles sabia qual seria a consequência daquele tiro.

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