Célio Zangalli Neto

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Androide zumbi capítulo 12

Como É Estar Apaixonada?

— Bom dia. Morgan, prepare um café para Lena — disse Rylan.

Levantou a cabeça da mesa. Sem perceber, adormeceu apoiada ao lado dos papéis.

— Quando você não apareceu para dividir a cama, eu achei que ficaria estudando até tarde. Agora que sei que você dormiu aqui, eu me sinto trocado pelos relatórios — resmungou Rylan.

Ela tentava se conectar com o mundo a sua volta, suas mãos tateavam os papéis e, por fim, repousaram em seu rosto.

— Eu não tenho bom humor quando acordo.

— Tudo bem, o café vai te socorrer.

Morgan serviu o café, Lena tentou se mover e percebeu que suas costas estavam doloridas por dormir sentada no chão. Com muito esforço ela levantou e começou a alongar, até parecia uma máquina enferrujada tentando se mover.

— Posso fazer algo por você? — perguntou Rylan.

— Me ajuda muito se fizer silêncio.

Rylan entendeu da pior forma possível o que era não ter bom humor ao acordar.

Após alongar, Lena voltou para o chão e seguiu em sua pesquisa com os relatórios. O café impulsionava a análise. Rylan andava pelo galpão, às vezes próximo dela, às vezes em outro cômodo. Ela não sabia o que ele fazia, mas se sentia confortável entre os papéis.

— Rylan, por que em alguns relatórios você tem escrito, “base número um, dois ou três?”.

Ele se sentou ao lado dela para conferir as anotações.

— Esse galpão em que estamos é a base número três. A número um está fechada, mas acredito que posso voltar lá. A número dois foi destruída. Meu antigo parceiro cometeu um erro durante um teste e perdemos o controle, sobrevivi por sorte.

Lena pensava em tudo que ela viu até aquele momento, parecia faltar algo para analisar aquela situação.

— Quantas bases você tem?

— Só a número um e a três.

— Esses testes feitos na base três estão aqui?

— Sim, posso te mostrar depois do almoço.

Lena procurou por um relógio e percebeu que já estava próximo ao horário da refeição, Valentina ficaria brava caso ela não estivesse lá.

— Pode me levar ao alojamento?

— Claro.

Andaram na direção da moto, como sempre, Rylan estava disposto para enfrentar os desafios do dia. Já Lena, por dormir de mau jeito, não se encontrava em seu melhor momento.

— Penso em trazer ferramentas para desobstruir a trilha, o que acha? — Perguntou Rylan com dificuldade de avançar.

— Tudo bem, nunca nos preocupamos em mantê-la limpa porque não precisávamos dela, mas agora a situação mudou.

Assim que estacionou, Valentina correu na direção de Lena.

Um pulo no colo da tia e uma reação inesperada, ela começou a chorar.

— Bom dia! Minha princesa, está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? — perguntou Lena.

Abraçada, a menina não tirava o rosto do ombro da tia e não parava de chorar.

— Bom dia, Lena. Depois que o Steve morreu, ela ficou desamparada — disse Ember.

— Quem é Steve? — perguntou Rylan.

— O cara do pote de azeitona. O que aconteceu? — perguntou Lena.

— Uma expedição, eles ficaram empolgados com o mapa e fizeram novas buscas.

Um abraço forte tentando acalmar a menina, era complicado dizer para uma criança que não havia perigo depois de uma sequência de mortes tão próximas.

— A tia chegou, não precisa se preocupar.

Enquanto aquele encontro cheio de ternura diluía o desespero de algumas horas atrás, Rylan e Ember se afastaram enquanto conversavam a respeito das expedições. Lena não participou do assunto deles, pois seu foco estava em consolar Valentina.

— O que tem para comer hoje? — perguntou Lena.

— Sopa de legumes, esse é o prato que Ember faz com mais frequência. Um dia vou criar a maior fazenda aqui no parque, teremos um prato diferente em cada dia.

O sorriso da menina derreteu o coração de sua tia.

— Sim, teremos.

Ficaram juntas sonhando acordadas até que a barriga de Lena roncou.

— Preciso da sopa de legumes, será que o almoço já está pronto? — perguntou Lena sorrindo.

— Vamos ver.

Juntas foram até o refeitório, Ember terminava a refeição e já estava prestes a liberar para que as pessoas se servissem.

Lena observou que Rylan conversava com a Dr.ᵃ Parker, talvez sobre novas encomendas. Valentina olhava para ela e perguntou:

— Como é estar apaixonada?

— Por que está me perguntando isso?

— Não precisa esconder de mim, eu sei guardar segredos. Como é estar apaixonada?

— Eu também não sei.

— Sabe, sim. Tem ficado mais na casa dele do que no alojamento.

— Vamos comer, as pessoas começaram a se servir.

— Ainda não me respondeu.

Lena olhava para a sobrinha e não sabia o que falar.

— Respondeu o quê? — perguntou Rylan ao aproximar-se sem ser visto.

— Assuntos de meninas — disse Valentina.

— Você ouviu, assuntos de meninas — disse Lena.

Elas puxaram a fila para o refeitório. Sem entender, Rylan as acompanhou.

Com os pratos cheios, eles sentaram e comiam como o de costume. Às vezes, Valentina puxava um assunto do cotidiano, Lena ouvia e interagia com a menina.

— Rylan, ela me disse que vai criar uma grande fazenda aqui, teremos muita comida.

— Um prato diferente a cada dia — disse Valentina.

Apenas em suas imaginações, Valentina criou uma fazenda enorme cheia de animais. O refeitório servia o mais apetitoso de todos os pratos.

Fantasiaram uma realidade onde não houvesse toda aquela destruição, Lena se questionava se aquilo um dia seria possível, mesmo sem saber ao certo se um dia teriam liberdade suficiente, deixava os sonhos ganharem asas na imaginação da sobrinha.

Quando terminaram de comer, e com o fim da brincadeira de sonhar de fazenda, Rylan e Lena se despediram da menina e voltaram para a casa dele.

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