Após estacionar, Rylan saiu da moto para empurrar o portão.

— Hoje, teremos uma refeição não enlatada — comemorou Rylan.

Lena se sentia culpada pelo fracasso da expedição. Caso fosse melhor em seus tiros, o resultado seria outro.

— Acho que não consigo te acompanhar.

— Por que diz isso? Fui eu quem pediu a sua ajuda.

— Eu sei, mas preciso melhorar.

Rylan empurrou a moto até a porta, após entrar, seguiu para a cozinha. Lena sentou-se na poltrona, lembranças de um passado recente atormentavam seus pensamentos. Quando ele voltou para o hall, ficou olhando para o rosto dela.

— Não gosto dessa expressão — disse Rylan.

— Esse é o rosto de quem perdeu toda a prosperidade de uma vida.

— Não diga isso, quer que eu te conte uma piada?

A resposta veio em um vago silêncio e um olhar questionador.

— Gosto de imaginar que só está tentando me alegrar, como você consegue manter sua sanidade depois de tudo o que aconteceu?

Rylan pegou uma das cadeiras e colocou ao lado da poltrona.

— Imagino que pessoas como nós precisem de ajuda.

— O que você acha que aconteceu no alojamento?

As lágrimas cobriam seus olhos, mas não escorreram.

— Eu não sei. O provável é que ocorriam manutenções esporádicas, alguns androides contaminados atacaram as pessoas. Depois disso, o caos se alastrou. Alguém verificou isso? — perguntou Rylan.

— Que eu saiba, não.

— Gosto de pensar que essa é apenas uma etapa da história, um dia vamos lembrar disso como a maior tragédia da humanidade. Isso me motiva a continuar, enfrentar as dificuldades e começar de novo.

— Você tem razão. Enquanto estiver aqui, eu tenho que lutar — disse Lena engolindo o choro.

Com o fim da prosa, ele voltou para a cozinha quando percebeu que ela estava melhor. Lena foi para a sala onde havia armas. Depois de várias tentativas, retirou o pente vazio da Glock. Pegou um carregado e colocou no lugar.

— Parabéns, agora é só mirar e disparar.

— Quem quero enganar, eu sou uma negação quando se trata de armas de fogo — resmungou Lena.

— O que você acha de começar o treinamento?

— Eu não levo jeito com isso.

— Não diga isso ou terá problemas com o tio Sam.

Um quase sorriso.

— Melhor manter o tio fora disso — respondeu Lena.

— Venha, vamos comer. Já está servido.