Célio Zangalli Neto

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Androide zumbi capítulo 11

Ouroboro de Papel

Quando chegaram no alojamento, a primeira atitude foi levar Hector ao atendimento da Dr.ᵃ Parker. Por sorte, ela confirmou que o ferimento era superficial, mas não disse ao certo se teria alguma sequela.

Ember lamentou e agradeceu o esforço coletivo da expedição. Ficou abatida pelo ferimento do colega, mas sentiu-se aliviada ao saber que não era grave. Conferiu o número de maçãs.

— Apesar do ocorrido, vocês pegaram bastante, teremos o suficiente — disse Ember.

— Que bom, ninguém está a fim de voltar lá tão cedo — disse Rylan.

— Enfim, preparem-se para o almoço, o prato de hoje será leitão.

Uma notícia boa diante do acidente com Hector. Quando a refeição foi servida, Lena e Rylan entraram na fila, serviram os pratos e sentaram nos bancos improvisados.

O leitão estava ótimo. Pouco tempo após terminarem, Valentina se juntou a eles com um prato cheio de comida.

— Valentina, hoje a tia precisará sair.

— Promete que voltará? Quando fiquei sabendo do Hector, a primeira coisa que veio em minha cabeça foi você — disse Valentina.

— Não se preocupe, eu vou para um lugar sem androides infectados.

A menina olhou com cara feia para Rylan, era visível que ela queria uma confirmação das palavras de sua tia.

— Lá não tem nenhum androide infectado, prometo — disse Rylan, se sentindo culpado por mentir para uma criança.

Ela comia injuriada. Quando terminou, eles se despediram da menina e foram para a casa dele. No percurso, Lena refletia sobre o ferimento de Hector, os pensamentos dela oscilavam entre o perigo e a importância do estudo.

Chegando lá, a primeira tarefa era analisar os papéis separados.

— Você fez todos esses testes? — perguntou Lena.

— Sim, na verdade, quase todos. Alguns foram feitos pelo meu finado companheiro que tinha diabete.

— Meus sentimentos.

Lena tentava focar a atenção nos papéis, mas a dificuldade aumentava à medida que o tempo passava, até que uma interrupção veio em seu socorro.

— Gosta de café? — perguntou Morgan.

— Muito.

— Com ou sem açúcar?

— Pouco açúcar.

Morgan foi para a cozinha e Rylan começou a segurar o riso.

— Por que está rindo? — perguntou Lena.

— A programação do Morgan é, caso alguém pareça sonolento, ofereça café.

— Isso não tem graça, sabia — disse Lena franzindo a sobrancelha.

— Claro que tem, por que não paramos para arejar os pensamentos e depois voltamos?

— Você tem razão, não consigo chegar a nenhuma conclusão.

— Enquanto você analisava esses, eu coloquei em ordem cronológica alguns dos papéis que não possuem data nos registros.

— Obrigada.

Morgan serviu o café, Rylan riu e deixou Lena sem graça.

— Venha, vamos andar — disse Rylan.

— Não acha perigoso?

— Aqui, nessa periferia, não. Quando cheguei, fui atacado por alguns androides contaminados, mas eles foram eliminados.

Lena não argumentou, foi atrás dele segurando o café. Do lado de fora, eles viram que o sol dava indícios de que iria se pôr.

— Diziam que não é bom tomar café à noite — disse Lena.

— Diziam tantas coisas.

Lena tomou o primeiro gole do café.

— Acha possível que o mundo volte ao que era antes? — perguntou Lena.

— Não. Mesmo que solucionemos os problemas com as máquinas, não vamos cometer os mesmos erros.

Lena olhava para as casas em volta do galpão, locais abandonados, mas com poucos sinais de destruição. Enquanto apreciava o café, tentava compreender como tudo aquilo foi possível. Sempre que pensava a respeito, voltava para a estaca zero.

Após o café, eles voltaram para o galpão. Ela se sentou em frente a mesa com papéis e Rylan foi para a cozinha com Morgan.

Enquanto lia os relatórios, ela anotava suas observações em uma folha ao lado. Nada do que achava parecia real.

O jantar era um bis da sopa de batata, tão saborosa quanto.

— Estou ficando mal-acostumada, as refeições parecem melhores ao seu lado — disse Lena.

— Digo o mesmo.

— Posso ficar com aquele quarto?

— Sim, mas se preferir, eu durmo sozinho em uma cama de casal.

Uma troca de olhares cheios de segundas intenções.

— Hoje não posso dividir a cama com você, mas quem sabe outro dia — disse Lena segurando os papéis.

— Tudo bem. Acho que minha hora chegou, boa noite. Caso mude de ideia, a minha porta fica ao lado da sua.

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( ͡~ ͜ʖ ͡°)